quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Julião em dia de cozinheiro


Julião em dia de cozinheiro Era uma manhã muito fria. Letícia acabara de deixar o marido no aeroporto.
Dr. Jorge Massad Al Bittar, é um cirurgião plástico muito bem conceituado, e viajava para participar de um congresso onde apresentaria trabalhos e faria palestras. Letícia seguia para a academia de ginástica envolta em pensamentos descompromissados. Neste dia, tinha dispensado a empregada que precisava levar o filho ao médico, então planejava convidar alguma amiga da academia para ao terminarem irem a um shopping fazer compras e onde pudessem almoçar.


Pensava em ocupar o tempo, pois fazia apenas 72 dias de casada e já tinha que sofrer a ausência do marido. O casamento materializava um sonho antigo, se sentia leve, feliz, amada, e a intensidade desses primeiros dias de casada fervilhavam em sua mente, o que acabou gerando um descuido com o trânsito, e não percebendo que um semáfaro fechara, bateu seu veículo no carro que freiara à sua frente.

Refeita do susto desceu do carro se desculpando pelo incidente. Julião olhava o resultado da batida, e constatou que seu carro fora pouco afetado, mas o carro de Letícia estragara bastante. Ela estava um pouco tensa, pois aquele era o carro do marido, que tinha por ele excesso de zelo.
Julião procurou acalmá-la, ajudou-a a acionar a seguradora, e sugeriu que entrasse em contato com o marido prà saber se ele tinha alguma recomendação especial. Teria de esperar ainda alguns minutos até que ele completasse o trajeto aéreo.


Letícia falou com Jorge, que indicou a oficina de sua preferência. Julião foi ao local com Letícia para ajudá-la nas providências. Encaminhado o carro para conserto Julião se ofereceu para levá-la em casa, depois de uma primeira recusa ela acabou aceitando a oferta.


No trajeto foram conversando e Letícia já estava mais tranquila, a conversa parecia interessante e isto despertou-lhe alguma curiosidade. No som do carro tocava músicas de Bach, o que aumentou o interesse de Letícia, pois ela na juventude estudara música e este era um de seus autores preferidos, tendo ao piano interpretado muitas de suas obras. A conversa sobre a obra de Bach se estendeu, e quando chegaram à casa de Letícia ainda parecia inconclusa. Ela então convidou Julião prà continuarem a conversa em casa enquanto tomassem um café. Julião tinha outros compromissos, mas pensou que precisava ajudar aquela moça a esquecer o acidente.


Enquanto ela preparava o café ele avaliava cuidadosamente a enorme coleção de músicas clássicas que aquela encantadora moça possuia, e tecia alguns comentários que alongavam a conversa.


Julião apreciou demoradamente cada gole do café como se nunca houvesse bebido algo tão saboroso.
A bebida era um pouco aguada e realmente não poderia agradar alguém, mas isto Julião não a deixaria perceber. A conversa agora era sobre culinária e Julião disse gostar de fazer experiências na cozinha.


Letícia estava curiosa, e ele falou do "Peito de Peru ao Molho de Mangas Verdes", que ele preparava em ocasiões especiais, e afirmou que aquela era uma ocasião especial, e se ela concordasse o prepararia com alegria. Letícia estava realmente interessada em conhecer as habilidades culinárias do novo amigo. Julião ligou para Da. Leocádia e pediu-lhe que enviasse o kit completo para o esperado prato.


Não demorou e estava lá uma bela caixa térmica com todos os ingredientes e condimentos para preparação do peru. E mais, uma garrafa de conhaque francês, um pacote de café de grãos selecionados, folhas de limão e facas com formatos apropriados.


Enquanto trabalhavam na cozinha, apreciavam o conhaque e a conversa se estendia descontraída, parecendo um reencontro de velhos amigos. Letícia soube então, que as folhas de hortelã desidratadas e o leite de figo presentes no kit e não utilizados, poderiam transformar o peru não consumido no almoço num belo jantar.


Durante a refeição, enquanto Letícia saboreava com grande prazer aquele prato, crescia a admiração e o respeito mútuos, mas isto não evitou de Letícia ficar um pouco desconcertada quando pode comparar o café que serviara horas antes com este que acabara de tomar, preparado com folhas de limão.


Enquanto Letícia foi atender a um telefonema do preocupado marido, Julião cuidou de limpar a mesa e lavar pratos e utensílios. Era início de noite e o tempo muito frio convidava para um relaxamento.


A ceia servida depois da meia-noite confirmava as qualidades do peru criado por Da. Leocádia à base de cevada e lentilha.


Eram 07:30hs da manhã quando Julião deixou Letícia na academia para que retomasse sua programação, e seguiu para o escritório, alertado que fora por Da. Leocádia de que não poderia faltar novamente ao trabalho.

Pela cidadania


A cada dia somos surpreendidos com novos escândalos, que envolvem membros do executivo, legislativo ou judiciário.


O mais triste é ver o cinismo, mau- caratismo, a desfaçatez dos mal-feitores, e a sua legião de defensores. A impunidade é a regra, ninguém mais acredita que alguém vai pagar pelos erros que cometeu. Agora mesmo, estamos assistindo conformados o desenrolar do processo que envolve o senador Renan Calheiros, e os fornos ligados para produzir uma grande pizza.


A grande crise que o país vivência é ética e moral, enquanto a população estiver tolerando os desvios de conduta, não seremos um país digno, um país decente, um país de oportunidades iguais, de respeito pelos cidadãos, com direitos e deveres iguais para todos, onde a legislação seja a mesma para fortes e fracos, para poderosos e humildes, e especialmente que seja respeitada.

A indignação de cada cidadão, quando da ocorrência de desvios por parte dos entes públicos tem quer ser ativa, tem que produzir resultados, assim, os movimentos de inconformismo e de resgate da cidadania, que grupos sociais começam a articular, devem ser estimulados e contar com a participação dos cidadãos que confiam na capacidade de transformações que nossa sociedade estão a exigir.

Vamos cobrar e exigir um comportamente decente daqueles que receberam delegação da população para cumprirem um mandato que resguarde os interesses legítimos dos que o elegeram.

O fato do Supremo Tribunal Federal receber as denúncias dos envolvidos no esquema do mensalão, é um alento, mas não pode ficar por aí, tem que haver punição, a justiça tem agir rápido, julgar e punir, não pode cair no esquecimento, demorar uma eternidade para julgar até haver prescrição dos crimes.

Os brasileiros venceram o monstro da inflação que parecia imbatível, agora vamos fazer um grande pacto pela ética e pela moral para vencermos esta chaga que esta corroendo as nossas instituições e a esperança de um pais melhor.

domingo, 14 de outubro de 2007

Julião reencontra Da. Leocádia


A Escola Municipal Pe. Anchieta completava 50 anos de fundação, e como parte das comemorações homenageou professores e alunos que se destacaram durante este período. Julião tinha cursado lá a sétima e oitava séries do primeiro grau, tinha sido um excelente aluno de português, gostava bastante de literatura e apesar do pouco tempo disponível lia livros com frequência e os discutia com Da. Leocádia, sua professora de português neste período.
Da. Leocádia era impressionada com a facilidade de síntese e com a correção gramatical no uso da linguagem escrita. Ao término do primeiro grau, Julião mudara de escola e não mais tivera notícias da professora amiga.
Durante as homenagens prestadas pela escola, pode reencontrar-se com a professora, quando soube que se aposentara. Durante a amigável conversa, Da. Leocádia, agora com 67 anos, disse que tinha ficado viúva, já estava com todos os filho criados, e que estava tentando voltar a trabalhar, mas que com sua idade estava bastante difícil.

Julião estava enfrentando dificuldades pela saída intempestiva do escritório do irmão e da Magaly, pensou então, porque não dar a Da. Leocádia a oportunidade do trabalho, sabia das dificuldades de adaptação que a professora teria, mas tinha certeza da força de vontade e da honestidade de propósitos.

Fez então o convite, que foi aceito com muita alegria.

De imediato Da. Leocádia começou a trabalhar, dedicava-se com esmero para assimilar o trabalho, não se preocupava com horário, trabalhava à noite, sábados, domingos, querendo aproveitar todo o tempo para aprender. A cada dia gostava mais do que fazia, foi conquistando a confiança de Julião, passou a assumir novas responsabilidades, dominava inteiramente o trabalho, mantia contatos com as representadas, com clientes, fazia os relatórios, cuidava das questões financeiras da pequena empresa e até pessoais de Julião.

Era secretária, amiga, confidente, cuidava dos assuntos pessoais de Julião, e com sua sabedoria dava conselhos, orientava no trabalho, chamava a atenção do amigo quando de deslizes e excessos cometidos nos relacionamentos amorosos.

Foi Da. Leocádia quem sustentou os negócios de Julião por ocasião do trauma do relacionamento com Rithinha, além de com sua bondade, paciência, abnegação ter ajudado Julião a se reerguer moralmente.

Da. Leocádia, tem muita afinidades com Julião, advinha-lhe os pensamentos, é o anjo de guarda que lhe acompanha e apoia.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

CPMF: UMA QUESTÀO DE PRINCÍPIOS



CPMF: UMA QUESTÀO DE PRINCÍPIOS

A Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno a prorrogação da CPMF até 2011. Foram 338 deputados que votaram de costas para a sociedade. Barganhas, negociatas, jogos de cena, onde o que menos contou foi o interesse da sociedade. Assim que acabou a votação já tinha deputados apresentando a conta, sem nenhum constrangimento na frente das câmaras, algo inconcebível nas mentes sãs. Falar sobre a decepção da população com seus representantes já está ficando muito repetitivo. O parlamento é o oxigênio da democracia, a Câmara dos Deputados é o principal instrumento de manifestação da sociedade, então urge uma reação. Não podemos permitir que o Congresso Nacional continue com a coluna vertebral curvada diante do poder executivo. Devemos intensificar a luta para que a CPMF não passe no segundo turno na Câmara, se não der, vamos montar trincheiras no Senado.
A CPMF foi criada em 1993 como provisória num momento de crise e o propósito era salvar a saúde pública. A saúde pública continua na UTI, todos os dias vemos reportagens mostrando o drama de pacientes, o sofrimento, a humilhação, o desespero, onde estão as autoridades, onde estão os recursos da CPMF, e a cada mês o governo comemora records de arrecadação. De janeiro a agosto só o aumento real de arrecadação, já descontada a inflação, foi de 37,3 bilhões de reais, mais do que o previsto de CPMF para 2007. Pr’a onde está indo tanto dinheiro? A saúde está um caos, a educação é sofrível, os níveis de violência aumentando a cada dia, a insegurança espalhando a intranquilidade, as estradas em condições precárias, ferrovias, saneamento básico continuam sem investimentos. Os recursos estão indo para a atividade meio, para a corrupção, para subjugar o Parlamento, para os inúmeros órgãos espalhados pela administração pública, que são inoperantes, ineficientes, para inúmeros ministérios com sobreposição de funções, para os milhares e inaceitáveis cargos comissionados que maculam e humilham os valorosos funcionários públicos de carreira. Para onde está indo tanto dinheiro? Para os desperdícios, mordomias, negligências, irresponsabilidades. Isto com o sacrifício de milhões de brasileiros, pessoas físicas e empresas. Governo controlar despesas, gastar com parcimônia o suado dinheiro do povo, nem pensar, é mais fácil aumentar impostos. As pessoas perdem renda, perdem emprego e são obrigadas a se readaptarem. Empresas perdem mercado, tem aumento de custos que nem sempre podem repassar para preços, e são obrigadas a cortar gastos, reordenar as despesas. Governo não tem preocupação, aumenta impostos. Passa da hora de exigirmos dos governos que não abusem dos recursos públicos, que gastem no interesse da população, não nos dos grupos encastelados no poder.
O presidente declarou recentemente, que governo nenhum pode abrir mão da CPMF, então confirma que para o governo ela é definitiva, e que o provisório é apenas para iludir a população, mostra que a sanha arrecadatória é infinita, que a discussão da reforma tributária é apenas jogo de cena, que se houver alguma reforma que se faça com os recursos dos estados e municípios, e a nossa pobre federação vai continuar com prefeitos e governadores de pires na mão implorando as migalhas do governo federal que a cada dia tem mais recursos para impor vontades e manipular consciências.
A sociedade tem de reagir, juntar forças, mostrar nossa indignação, pressionar deputados e senadores, através de telefonemas, de e-mails, manifestação no Congresso Nacional, não podemos nos render diante do mau-caratismo de pessoas que tripudiam sobre o voto, sobre os cidadãos e cidadãs deste país.
O governo está acenando com a possibilidade de dar a cabeça do senhor Renan Calheiros em troca da aprovação da CPMF no Senado, eu de minha parte não aceito trocar uma causa tão importante por alguém de valor tão duvidoso.

sábado, 28 de julho de 2007

Julião socorre Aninha

Celina, se considera uma mulher bem casada. Vive com Genésio há 14 anos, com quem tem dois filhos, Ana Júlia de 6 anos e Leonardo de 3 anos.É feliz, mas não gosta de solidão. Genésio é fazendeiro, e embora sua fazenda seja próxima, pouco mais de duas horas de viagem, costuma passar dois, três dias por lá.

Nestas ocasiões, Julião costuma socorrer Celina, dormindo com ela prá fazer-lhe companhia. Ele chega, quando as crianças já estão dormindo, e sai antes que elas acordem.

Em uma dessas ocasiões , levantou-se cedo, e quando ia sair percebeu que uma torneira vazava no jardim, foi fechá-la e viu que estava estragada. Pensou que seria muita falta de consideração com a família deixar daquele jeito, e decidiu por consertar.

Não tinha ferramentas, mas neste instante viu que Alaor o vizinho da esquerda chegava em casa, e então pediu se poderia emprestar-lhe ferramentas,

Alaor não só emprestou, como quis ajudá-lo, mas para concluir o serviço era necessário uma peça nova, então Julião ficou de providenciar sua aquisição. Neste instante Celina se preparava para levar Aninha prà escola, só que o carro não funcionava, Aloar se ofereceu prà ajudar no conserto e Julião se dispôs a levar Aninha, pois não teria que mudar muito seu caminho.

Ao chegar na escola, Aninha desceu, e Julião se preparou prà sequir seu rumo. Havia tumulto no trânsito na porta da escola, e os carros quase não saiam do lugar, de repente, alguém vem gritando prà Julião que sua filha, correndo para entrar na escola havia caído e se machucado. Julião ficou meio perdido sem saber o que fazer, mas entendeu que precisava ajudar a criança, pegou-a e tentava desesperadamente falar com a mãe prà saber como encaminhá-la.

Como não conseguiu, decidiu ele mesmo providenciar assistência médica, e a levou a um hospital. Iniciado o atendimento, conseguiu por fim falar com Celina, que rapidamente chegou ao hospital, já com o marido que chegara da fazenda.

Após o atendimento de Aninha, seus pais começaram um discussão, pois Genésio não aceitara que Aninha tivesse um atendimento particular já que eles tinham plano de saúde que cobriria aquele tipo de despesa, mas este hospital não tinha convênio.

Julião preocupou-se, pois não gostaria de ver desarmonia entre o casal, e providenciou o pagamento das despesas. Restabelecido o clima de cordialidades, foram embora.

Julião ainda teria de comprar a peça para concluir o conserto da torneira do jardim de Celina, resolvido mais este problema, enfim Julião pode retomar suas atividades com a consciência tranquila do dever cumprido.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Julião revisita sua família


Passado o trauma da descoberta de que Rithinha era sua irmã, Julião foi tomando contato com os acontecimentos de sua família. Se você quiser antes conhecer a história de Julião, leia o post anterior.


Rithinha vivera com a mãe até os 14 anos, trabalhava na pizzaria do Sr. Antônio Maciel, ali próximo de sua casa como garçonete, e ainda frequentava a escola. O Sr. Antônio Maciel nunca houvera casado embora já tivesse mais de 60 anos.


Rithinha era uma moça muito bonita, vaidosa, se cuidava e chamava bastante a atenção dos homens, inclusive do Sr. Antônio, que passou a se interessar por aquela garota. Depois de algumas tentativas mal-sucedidas, acabou convencendo Rithinha a iniciar um namoro. Da. Loratina, não só concordou, como gostou, pois lhe parecia ali um casamento de conveniência, e o enlace acabou acontecendo.


Mas, Rithinha era inquieta, e tinha uma queda pelo Givanildo, pizzaiolo que trabalhava para seu Antônio.


Rithinha, durante algum tempo conseguiu levar a vida dupla, a paixão ardente com Givanildo e a conveniente relação com Sr. Antônio, mas para dar conta de tantas atividades acabou abandonando a escola. Continuou trabalhando na Pizzaria, mas como o caso com Givanildo já estava por demais público, tinha que acontecer mesmo de Sr. Antônio ficar sabendo, já que tinha outras moças também interessadas no lugar de Rithinha.


Sr Antônio não aceitou a traição, mandou embora a menina. Do Givanildo ele precisava, pois era bom pizzaiolo, e importante no negócio, mas exigiu que o rapaz abondonasse a moça para se manter no emprego.


Givanildo concordou, pois concluiu que estava mais fácil arrumar mulher que trabalho, e também tinha medo que Rithinha fizesse com ele o que fez com Sr. Antônio. Rithinha, tinha então 16 anos, voltou prà casa da mãe. Josué, conseguiu prà ela um trabalho como vendedora na loja de armarinhos do amigo Valdivino Costa.


Mas, Rithinha começou a sair à noite com umas amigas e a não voltar prà dormir em casa. Estava faltando muito ao trabalho até o ponto do Valdivino não mais poder contar com ela, ponderou com Josué que teria de demitir a menina.


Já com dezoito anos, foi-se embora de vez da casa da mãe, agora tem 21, mas mesmo depois de deixar a mãe manteve algumas visitas. Da. Loratina, estava muito doente, nos últimos três anos nem mais se levantava da cama, já devia estar perto dos 200 Kgs, e a diabetes se agravara. Quem cuidava dela, era Regiane, filha mais velha de Josué, que fora criada pela avó e tinha por ela um enorme carinho.


Do pai, Rithinha tinha poucas lembranças. Santana, morrera quando ela ainda tinha seis anos, foi durante um assalto ao carro forte que ele protegia. Dos participantes no assalto, três foram presos, mas muitos conseguiram fugir, e não se teve notícias de quem eram. O pai tinha ficado feliz com o nascimento da menina, mas por já estar amasiado a outra mulher não dedicava muita atenção à sua família.


Everaldo Júnior, o filho mais velho, trabalhava na construção civil, e mais tarde montara um oficina de conserto de bicicletas no bairro, que com a evolução acabara se transformando num ponto de distribuiçao de drogas. Júnior se envolvera com gente da pesada, e há quem afirme que participou do assalto que culminou com a morte do pai. Andou sumido uns tempos, mas retornou com força ao lucrativo negócio, não parecia ter algum arrependimento. Ainda dá algum carinho e atenção à mãe.


Josué, era bastante responsável e preocupado com a família e a comunidade, foi se envolvendo nos trabalhos com Da. Cota, casou-se com Regina a caçula dela, teve três filhas, e quando Da. Cota morreu de idade e complicações cardíacas, herdou seu lugar na comunidade.


Lutava com muita garra e amor para melhorar a situação do lugar, era pressão prà cima de vereadores e prefeitos. Conseguia levar alguns benefícios prà lá, um dos mais importantes foi uma nova escola, grande e bem equipada. Só ficou faltando a quadra de esportes que fazia parte da promessa, mas que segundo a construtora não teve dinheiro suficiente prà fazer. Depois, com muito esforço e contribuições do pessoal do bairro, conseguiu-se a construção da quadra.


Josué era bastante querido pelo pessoal do bairro, e ponto de equilíbrio entre os irmãos, mas não conseguiu endireitar todos eles e isso o angustiava muito.


Dionízio, era o terceiro dos irmãos, e quem conseguiu estudar por mais tempo, gostava e era muito determinado. C om o apoio de Josué se formou em Educação Física. Mudou-se prà longe, pois trabalha em três lugares diferentes como professor de natação e tem de estar mais próximo dos locais de trabalho. Está casado com Ana Maria, com quem tem duas lindas crianças.
Está feliz, e todo domingo pela manhã visita a mãe, levando seu carinho e ajudando nas despesas de seu tratamento.


Laércio, menino inquieto, como Dionízio,gostava de estudar, mas não tinha a mesma garra. Queria ganhar dinheiro logo, e foi se envolvendo nos trabalhos na marcenaria do Sr. Agripino, se empolgando, pois ganhava algum dinheiro, e acabou por abandonar a escola. Virou bom profissional, tinha sempre muito trabalho, e quando Sr. Agripino resolveu aposentar-se, assumiu a marcenaria.

Mas queria mais, não conseguia juntar dinheiro, fazer patrimônio. Quando da morte do pai, a família foi indenizada com um razoável seguro. Josué quis que o dinheiro fosse usado para comprar uma casa melhor para sua mãe e garantir a ela menos problemas na velhice.


Houve muita discussão, cada um querendo sua parte para gastar consigo mesmo. Josué conseguiu salvar alguma coisa e comprou a casa. O resto foi mesmo dividido. Laércio, então, fez o queria há muito tempo. Foi-se embora para os EEUU, pois entendia que lá seria valorizado e ganharia bastante dinheiro. Durante algum tempo mandou notícias e até algum dinheiro prà sua mãe, mas quando se casou com uma americana perdeu de vez o contato. Josué, ainda insistiu, escrevia-lhe, mas nada de resposta, hoje nada se sabe de Laércio.


Raniere, é o quinto filho do Santana, na primeira infância, por ser apenas um ano mais velho que Julião, era o irmão inseparável, com quem estava sempre brincando. Raniere era o nome do patrão do Santana, que ele resolveu copiar. Raniere estudou até ser convocado para servir ao Exército, depois do tempo obrigatório, decidiu seguir carreira, fez cursos de cabo e hoje é sargento. Está servindo num quartel em uma cidade bastante distante, mas mantem correspondências com a família, Rithinha tem até fotos sua , orgulhoso da farda que veste.


Julião, ao saber da situação da família quer logo uma visita à mãe e ter a oportunidade de reencontrar os irmãos.

sábado, 21 de julho de 2007

Conhecendo Julião

Josué desceu correndo as estreitas passagens que levavam de sua casa até a sede da Associação de moradores do bairro, e ao sair de casa já ia gritando por Da. Cota, que naquele lugar servia p`ra ajudar em todas as necessidades. Era uma senhora tranquila que cuidava de si e dos seus primeiro, mas ainda assim era bastante útil.

Aliás, Da. Cota, porque era a responsável pelas cotas dos benefícios que ali eram distribuídos.

Josué gritava, minha mãe tá chorando de dor, acho que a criança já quer nascer. Da. Cota, foi largando papéis pelo chão e foi até a casa de Da. Loratina. Algum tempo depois fiquei sabendo que Loratina, representa as iniciais dos nomes de seus avós, Lourenço, Raquel, Tibério e Nalva.

Da. Loratina chorava muito, e dizia tem que ser menina, o Santana disse que menino não quer mais não. Na ambulância, era a mesma história, não pode ser menino, e não é que ali mesmo o menino nasceu, nem esperou chegar no Hospital.

Era uma criança saudável, forte e corada, mas nada consolava Loratina, o Santana não queria.

Ele era segurança de uma empresa de transporte de valores, e não queria saber de notícias de menino. O pessoal da ambulância insistia, a criança precisa ter nome, para menino não tinha essa possibilidade.

Depois de alguma discussão ficou mesmo Julião.

E Julião foi crescendo ali meio abondonado, até quando nasceu Estevão, seu sexto irmão. Isso foi a gota dàgua, e Julião e Estevão foram levados por Da. Cota para serem criados por uma família da comunidade que não tinha filhos, mas de parcos recursos.
Julião cuidava do irmão, e com sete anos já trabalhava, engraxando sapatos, vendendo das balas de açucar que Da. Loratina fazia para vender ali na vizinhança e na escola do bairro. Aliás, parece que Da. Loratina mas comia que vendia balas tamanho já estava seu corpo. Sim, na comunidade a criançada chamava ela de Da. Tina.

Com o tempo Julião foi se desligando da comunidade, ia prà cidade trabalhar levava seu irmão, até que sua família arrumada mudou-se para um lugar distante e ele não teve mais notícias de seus pais verdadeiros. Ia crescendo, estudando com dificuldades e trabalhando prà si e para o irmão.

Conseguiu com muito esforço trabalhos melhores e progredir na vida. Já trabalhava como representante comercial, tinha sua casa, simples mas confortável e Estevão sempre com ele.

Porte atlético, boa praça, não demorou arrumar uma namorada, Elaine, com uem veio se casar. Moça bonita, boa dona de casa, companheira que tinha um grande carinho por Julião.

Estavam felizes, mas com menos de dois anos de casamento, um dia Julião acordou e encontrou a mulher morta a lado na cama. Morte súbita, Elaine tinha um problema congênito no coração.

Foi uma tristeza só, muita dor prà acrescentar à sua vida sofrida.

Mas o tempo foi cuidando de cicatrizar as feridas e Julião ia se ajeitando na vida, até conhecer Magaly, uma nova paixão prà esquecer de vez a Elaine. Magaly era muito simples, trabalhava de diarista, e um dia foi prestar serviços no prédio de Julião, e de um encontro casual no elevador surgir um grande amor. Magaly jurava amor eterno, era a oportunidade de melhorar de vida, mudar prà casa boa e deixar trabalhos pesados.

Antes de casar já morava com Julião, que cuidava prà oficializar a relação.
Magaly foi trabalhar com ele no escritório, atendia telefonemas, clientes, aprendeu a cuidar da papelada e administrava o escritório quando Julião não estava.

Foi sendo construída uma relação boa e Julião queria até ter filhos, não esquecia os dramas da infância e queria cuidar bem daqueles que Deus lhe confiasse.
Julião, pelas necessidades do serviço viajava muito, e Magaly ficava no escritório e em casa com Estevão.

A vida seguia seu curso, até com certa tranquilidade e felicidades. Já faziam uns oito meses do casamento legal, e os negócios do Julião melhoravam bastante o que o obrigava a viajar cada vez mais.

Não gostava muito de deixar a mulher, mas pela menos ela tinha a companhia do irmão, que ajudava nos negócios e cuidava da cunhada.

Numa dessas viajens, quando da volta Julião surpreendeu na cama a mulher e o irmão, foi de dar dó, uma traição deste tamanho é mesmo difícil de pensar. Os dois mandou embora, e lá se foi o sonho dos filhos e também dificuldades para reordenar o trabalho, a mulher e o irmão já dominavam muita coisa por lá.

Mas Julião não é de desistir, aguentou o baque, se reestruturou, mas agora não queria mais saber de mulher, era muito sofrimento, mas não podia ficar de
todo sem, então o jeito era sair com mulheres de programa, e ele foi se acostumando com a nova vida.

Mas, nestas andanças conheceu Rithinha, morena fogosa, boa de cama, compreensiva, era companhia agradável, fazia carinho, escutava as lamentações de Julião e de mansinho foi conquistando o abalado coração do rapaz. Os encontros passaram a ser mais frequentes, e Julião tava gostando muito da companhia da danada, não diria que era o amor que sentia pela Magaly ou pela Elaine, mas tinha algo de profundo, e apesar das circunstâncias ele respeitava muito aquela moça, uns quinze anos mais nova que ele.

E ela foi com muito jeito se acomodando dentro da vida dele. Ressabiado Julião estava, ah lá isto tava, mas também pensava em dar nova chance prà vida, não esquecia o desejo de ter filhos, e resolveu levar Rithinha prà viver com ele, e as coisas até que foram muito bem, de paz, tranquilidade, amores, solidariedade.

Julião não se interessava muito pelo passado da amada, prà ele não queria dizer muito, então convivia bem com a situação. Mas e os filhos, para tê-los Julião entendia que deveria estar casado prà dar estabilidade para as crianças.

Então, propôs o casamento e Rithinha ficou entusismada, tinha que providenciar documentos, que nem isso ela tinha.

Quando Rithinha entregou-lhe os documentos, tava lá, Maria das Graças Santana, filha de Everaldo Carlos Santana e Loratina da Conceição Santana. Julião não podia acreditar e o desespero neste momento bateu forte demais, não conseguia nem falar e Rithinha sem entender o que estava acontecendo.

Pra Julião era o fim do mundo, como podia acontecer até isso, o choque foi mesmo muito grande que ele foi parar num hospital desequilibrado e descompensado. Custou recobrar a lucidez, não queria pensar, preferia fugir deste mundo, chegou a implorar pela morte, mas ainda não era hora, e ele aos poucos foi retomando sua vida, Rithinha morava com ele, mas agora como a irmã querida.

Dos filhos desistiu de vez, casar nunca mais.

Mas sem mulher não pode ficar não é? E agora Julião se resguarda dos problemas, tá sempre disponível para atender as mulheres quando seus maridos viajam, coisa rápida, sem apego, sem tempo prà gostar, e sem chance de morar junto.